quinta-feira, 5 de junho de 2008

Crime passional

Assassinar-me-ei nos próximos versos
cravando uma mesóclise em meu peito

Ao olharem meu corpo
dirão:
foi suícido.
Perfuração verbal por um pronome oblíquo.

Porém, nunca saberão
que o pronome era outro.
O verbo é o mesmo,
quem mudava era o morto.

Uma curta escapulida
tornou meu ato reflexivo.
E se já está no papel,
também já está dito.

Em nada me custa morrer
Mas se o futuro pudesse prever...
O que já se escreveu,
assim teria escrito:

Assassinar-me-eu.

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