domingo, 11 de setembro de 2016

Eu, João e Maria

Tenho rabiscos espalhados pelo
corpo
pela casa 
pela estrada.

Numa espécie de João e Maria,
abandonei versos 
pelo caminho
para não me perder.

Deixei  por aí
pedaços de poesia
para não me esquecer
de quem eu sou,
para me lembrar
pra onde eu vou 

para saber por onde voltar.

Deixei rimas como pistas
tatuadas nas paredes,
porque caso eu enlouqueça
algo precisa me salvar de
estar à deriva
em meu próprio labirinto.

Me preveni espalhando palavras
pelas esquinas
para que quando eu envelheça
esqueça de nomes e datas
mas que eu não morra enquanto
estiver viva.

Fiz um estoque de estrofes,
melodia engarrafada,
suprimento
para a grande guerra fria
que inverna
em minha alma.

Líricos vestígios
que me recordem
por onde eu passe:
se tudo mais falhar,
o poema é um abrigo.

v


terça-feira, 9 de agosto de 2016

Dentro de mim

Há um armário
fechado.

Dentro do armário,
uma gaveta
trancada a chaves.

Dentro da gaveta,
uma caixa
bem lacrada.

Dentro da caixa,
enrolada em papel manteiga,
eu guardo uma dor
profunda
e dilacerante.

(A senha para abrir
o cadeado é:
p_o_e_s_i_a)