sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Presente de natal



Me preparei o ano inteiro.
Fiz planos para o nosso
encontro.
Contei os dias
Contei os meses
refiz os planos:
eram tantos,
eram tantos!

Na data marcada
Na hora marcada
fiquei à porta
com seu presente na mão.

Aquele presentinho
tão pequenininho
que eu mesma fiz e
refiz todas as tardes, sempre
ajeitando a letra que teimava em sair torta
Aquele presentinho pequenininho era
tão grande...
Havia tantos sonhos naquele durex
mal grudado.

E eu segurava seu presentinho com cuidado
e esperava à porta
uma hora
duas horas
três horas
quatro horas
cinco horas...

Não foi porque o dia amanheceu que eu
resolvi entrar.
Foi porque, na primeira hora,
o durex estava mal grudado e
soltou.
Na segunda hora, a embalagem estava mal fechada e
abriu.
Na terceira, a tinta da caneta borrou
Na quarta, aquilo que havia dentro era frágil
e caiu.
Na quinta hora, tive vergonha das minhas mãos suadas
e entrei.

Papai Noel,
eu suportaria a dor
de não ganhar bonecas
ou carrinhos
Mas e essa dor
de, no relento, me perguntar
se sua demora era injusta ou se
o meu presentinho
que imaginei tão grande
é que era
de fato
pequeno demais?

v

*Por 14 de dezembro