quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Historinha de meu coração



Todos os dias, muitos passarinhos vinham cantar à minha janela. Pássaros verdes, amarelos, vermelhos, azuis. Mas foi o passarinho da asa quebrada que eu escolhi para ser meu passarinho. Meu passarinho tinha um canto triste – e por isso eu o amava tanto. Meu passarinho, com sua asa quebrada, voava baixinho... Ele não sofria por isso. Mas eu sofria muito. E se meu passarinho tentasse voar alto, caísse e morresse? Passei meus dias tentando consertar aquela asa. Eu  só queria que eu e meu passarinho pudéssemos voar alto, incrivelmente alto. Tentei de tudo. Até que contratei o melhor veterinário e contei de meu passarinho. O veterinário me disse que se algum dia eu explicasse a meu passarinho que ele não podia voar alto, ele pararia de cantar. E se ele parasse de cantar, ele morreria. Fiquei dilacerada. Então era isso, eu e meu passarinho nunca voaríamos alto. Mas nem assim eu desisti de salvá-lo. Continuei tentando soluções. Eu acreditava que, de alguma maneira, com muito esforço, eu e meu passarinho finalmente voaríamos juntos. Acontece que, certo dia, ele me convidou para as alturas e não havia o que fazer: ou ele voava alto e morria ou ele não voava, parava de cantar, e morria. E foi o que aconteceu. Meu passarinho tentou voar, caiu e morreu. Agora, quando os pássaros coloridos vêm cantar à minha janela, eu choro, choro, choro. Não por saudades de meu passarinho, mas porque esses pássaros que aí fora cantam não têm a asa quebrada para que eu possa tentar salvá-los. 

v

*Por 14 de Janeiro