de uma só folha
para que, dobrado, caiba
em seu bolso
ou
para que torcido uma vez mais
habite pequeno em sua carteira.
É um poema para lhe acompanhar
aonde eu não puder alcançar
para ecoar
quando eu não puder segurar
para suportar
enquanto eu não puder insistir.
É um poema
para lhe consolar de um dia ruim
quando, ao fim dele,
eu não puder estar.
É um poema
para me acalmar
quando, por aí, você tiver fome
e eu não puder lhe alimentar.
É um poema para lhe afagar
quando algum fantasma lhe assustar
e eu não puder lhe proteger.
É um poema para você não esquecer
do que eu não puder lhe lembrar.
É um poema
para me desculpar
quando, em um dia ruim, eu, mulher pequena,
não puder lhe oferecer mais nada
além do meu pequeno amar.