E então eu volto às palavras.
(Desisti de desistir)
Porém, não volto tão simplesmente.
Venho com entonação de protesto
- ou de apelo, sei lá:
Quero uma nova língua!
uma nova gramática,
uma nova metáfora.
Sou um plágio de mim mesma.
E não quero uma língua
já existente.
Quero ser a criatriz!
...
Tudo bem, confesso,
talvez eu minta.
É tudo uma farsa.
Às vezes me faço papel,
mas a palavra nem sempre
é o que sinto.
Ai, esse lirismo piegas...
A verdade é que não quero
uma nova língua,
não quero uma nova metáfora.
Posso fazer de um elefante
uma flor.
Eu quero é uma desculpa
para não admitir
que o problema está em mim.
Mim,
meu,
minha,
eu.
Primeira pessoa do singular
e ninguém mais.
Se eu criasse o novo,
nada mudaria.
Novas regras
não seriam a possibilidade
de um pentatongo
mas, sim,
de um hiato com cinco vogais.
Se me dessem novas letras,
eu formaria novas palavras...
Para escrever exatamente o antigo.
O erro sou eu.