quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Descobrimento


Sinto-me sozinha.
 Sem tristeza ou mágoa
apenas sozinha.

Talvez, quem sabe,
minha solidão guarde um espanto
como o daquele morador
que no levantar do sol,
todos os dias,
rega sua planta à janela e
toma seu café à mesa.

Pela manhã, cuida da casa
Ao meio dia, das comidas
À tarde tira um cochilo,
à noite termina suas tarefas
e, quando é tempo de ir à cidade,
está cansado e já tem sono 
outra vez.

Mas, em um dia qualquer,
exatamente quando o amarelo
começa a se diluir no azul da noite,
vê-se livre de tarefas
e sem sono.

Então se lembra
de quantas vezes pensou em ir à cidade,
mas adormeceu cansado no sofá...

Arruma-se todo e
finalmente
atravessa a porta de sua casa.

Mas, ora vejam,
não passa ninguém às ruas,
não há ninguém nos edifícios e nas lojas,
não há trânsito,
 não há barulho,
os cachorros sumiram e os pássaros também se foram.

Não há nada
nem nunca houve:
ele é o único morador de um país imenso.  

v
Março, 2010