quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Humanidades

Sou abraço apertado na hora do choro
Sou choro besta em filme romântico
Sou pés namorando embaixo dos lençóis
Sou sol em pleno domingo
Sou achar o que estava perdido
Sou presente de natal
Sou comida de festa no dia seguinte
Sou segredo ao pé do ouvido
Sou fevereiro em carnaval
Sou cachorro lambendo o rosto
Sou acordar com tudo pronto
Sou dançar desengonçado
Sou primeiro namorado
Sou se deitar emboladinho
Sou você pequenininho
Sou conversar até tarde no telefone
Sou cantar bem alto no chuveiro
Sou comida de vó na hora da fome
Sou enfiar o pé na lama
Sou cheiro gostoso no cangote
Sou ficar até tarde na cama
Sou riso até doer a barriga
Sou cheiro de terra molhada
Sou rede na varanda
Sou descobrir dinheiro no bolso
Sou enfiar o dedo no bolo
Sou cabelo bagunçado
Sou mãe fazendo carinho
Sou Chico cantando baixinho
Sou férias começando
Sou xixi depois do aperto
Sou pôr-do-sol alaranjado
Sou maracatu de baque virado

Sou detalhes
Sou nuances
Sou pequenas humanidades

v
2008


Ouça este poema recitado: